Especialistas debatem se é melhor esperar pelo início da flexibilização monetária, previsto para o 1º trimestre do ano que vem, ou ponderar também as questões de preços de imóveis no momento
Quem prendeu a respiração e esperou até agora para financiar um imóvel pode estar se perguntando se vale a pena mergulhar no juro alto de qualquer maneira ou aguardar o início do ciclo de corte, projetado para o início do ano que vem. A resposta é bastante pessoal, porque envolve sonhos e dinâmicas particulares de quem planeja uma aquisição como essa. Mas, há dados que podem ajudar a subsidiar a decisão.
A taxa básica de juros, a Selic, foi mantida em 15% pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que apontou como justificativas as projeções de inflação elevada, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Essa dinâmica exige "uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado", com o objetivo de trazer a inflação para perto da meta.
Com a Selic alta, todo o mercado de crédito, inclusive o do financiamento imobiliário, fica mais caro e restrito para os consumidores, com parcelas elevadas e maior custo total ao longo do contrato. Então, o melhor seria esperar a queda da Selic, projetada pelo mercado para o primeiro trimestre do ano que vem?
Impacto da Selic na compra de imóveis
Para o economista Adenauer Rockenmeyer, delegado do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), a melhor estratégia seria esperar a queda da taxa e investir o dinheiro destinado à entrada do imóvel. Assim, em vez de pagar juro alto, o comprador aproveitaria o outro efeito da Selic, que é o bom rendimento na renda fixa.
"Uma estratégia interessante, eu diria até principal, seria esperar a queda de juros e aproveitar esse momento para aplicar o valor de entrada em alguma renda fixa atrelada à Selic, como Tesouro, CDB, LCI ou LCA", afirma. Ele alerta, porém, que esperar pode implicar riscos, como a possibilidade do imóvel desejado ser vendido ou a taxa de juros não reduzir como previsto.
Filipe Pontual, diretor executivo da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), afirma que há outras variáveis que compõem o preço dos imóveis, e a dinâmica atual do mercado imobiliário pode trazer boas oportunidades e vantagens em negociações caso o comprador decida fechar o contrato na atual conjuntura.
"A queda de juro pode provocar um aumento do preço dos imóveis, porque aumentará a demanda. E, se há maior demanda por imóvel, vai ter maior demanda por construção, o que eleva os preços da construção civil", avalia.
Para quem necessita do imóvel imediatamente, financiar a taxas altas pode ser uma opção para sair do aluguel e congelar o preço do imóvel. Em cidades com muitos lançamentos, existe também a chance de negociar descontos junto às incorporadoras pressionadas pelos juros altos que encarecem seus próprios financiamentos.
Taxas no financiamento de imóveis
Para ilustrar o impacto real das diferentes taxas de juros, Rockenmeyer simulou os custos do financiamento de um imóvel de R$ 500 mil usando a taxa mais baixa, a média e a mais alta disponíveis no mercado, conforme os dados do Banco Central.
Condições da Simulação:
Valor do Imóvel: R$ 500.000
Entrada (20%): R$ 100.000
Valor Financiado: R$ 400.000
Prazo: 360 meses (30 anos)
Sistema de Amortização: SAC (Sistema de Amortização Constante)

